sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Década de 80: Portugal e o Mercado Comum ( III ) *

Álvaro Barreto, ministro da Integração Europeia...

" - É sabido que, entre nós, o sector público é, de uma maneira geral, uma máquina pesada e de uma "reacção lenta". Como poderemos, com ele, enfrentar a livre concorrência de uma Europa Ocidental?

Se quer uma resposta rápida, dir-lhe-ei que se o sector público se mantiver, tal como está, com a sua delimitação actual e a sua estrutura presente, termos dificuldades em enfrentar essa concorrência.

E é exactamente por isso que se entende que do sector público devem ser retiradas todas as empresas que nele foram incluídas por arrastamento, só porque havia entre elas e as grandes empresas relações de capital, não havendo qualquer nexo entre o seu objecto social e o da empresa pública a que estão ligadas. Recordo-lhe o caso da Rodoviária Nacional, com as barbearias, os hotéis, os viveiros de flores...

Por outro lado, entendo igualmente que está ligado a esta questão o problema da delimitação dos sectores público e privado.

Enquanto o sector público não for animado pelo espírito de competição com um sector privado, dinâmico e produtivo, não poderá ele, o sector público, revestir as características que a integração vai requerer - motivação e eficácia.

Não quereria, no entanto, deixar de lhe dizer que algumas empresas do sector público há que não cumprem melhor o papel que lhes está reservado por ausência de condições, por limitações que, ao longo do tempo, lhes não têm vindo a ser resolvidas, que, como sabe, foi o que aconteceu com muitos dos Governos que nos governaram (?) após o 25 de Abril."

...disse.

 *in "Os Portugueses no Mundo", de M.A.

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