quinta-feira, 31 de março de 2011

Banco do Tempo *


"Neste banco não há dinheiro a circular, mas há cheques, movimentos de conta, créditos e débitos. Como diz o povo na sua imensa sabedoria, "o tempo é dinheiro" e no Banco do Tempo a moeda em circulação divide-se em minutos e horas. Recorramos a um exemplo para explicar como funciona.


Luísa, advogada, solteira e a viver sozinha, teve um problema com o computador e, como percebe pouco de informática, precisa de alguém que lhe dê uma ajuda. Contactou a agência do banco na área da sua residência, que de imediato iniciou a pesquisa para saber se entre os seus clientes (membros) havia alguém que pudesse ajudar Luísa.


Narciso, engenheiro electrótécnico, casado, respondeu à chamada. Deslocou-se a casa de Luísa, fez a reparação e, em vez de receber dinheiro, creditou na sua conta o tempo dispendido a fazer o trabalho: 45 minutos. Nas contas bancárias de cada um ficará registado um débito de 45 minutos a Luísa e um crédito de igual tempo a Narciso.


Narciso poderá ser reembolsado do seu crédito por um serviço prestado por qualquer outro cliente do Banco, não sendo necessária a troca de serviços. Foi o que aconteceu quando um amigo, a viver nos Estados Unidos, lhe comunicou que viria a Lisboa visitá-lo. Impossibilitado de o ir esperar ao aeroporto, contactou o Banco do Tempo que rapidamente encontrou um membro disposto a ajudá-lo nessa tarefa. Arlindo recebeu o amigo de Narciso, levou-o a casa e cobrou o tempo gasto nessa tarefa: 2 horas. Feitas as contas, Narciso passou a ter um débito de 1h 15m que pagará com uma tarefa de ajuda a outro membro do Banco do Tempo.


O Banco do Tempo nasceu em 2002 por iniciativa do Graal e resultou da necessidade de "criar redes de entreajuda que estimulem novos modelos de vida em sociedade, a valorização das pessoas e a revitalização das comunidades". O modelo inspirou-se na filosofia dos bancos de tempo que apareceram em Itália no início da década de 90: construir uma cultura de solidariedade e promover o sentido de comunidade, o encontro de pessoas que convivem nos mesmos espaços, a colaboração entre gerações e a construção de relações sociais mais humanas."

* in DIRIGIR de Jan., Fev, Março de 2011, editada pelo I.E.F.P.

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