Tanto quanto a minha memória regista, durante anos falou-se à boca pequena que, um dia, no alto do Parque Eduardo VII, em Lisboa, seria colocada uma gigantesca estátua de homenagem a Salazar. Toda a gente o sabia e, naturalmente, Cutileiro não era excepção. Entretanto, o dito cujo caiu da cadeira, morreu e, como se sabe, não tardou a explodir a mudança de regime. Com Cutileiro vivo, o Parque Eduardo VII sem nenhum monumento lá no cimo, e um facto novo a celebrar: o 25 de Abril, a erupção...
É então que, se não estava inventado, Cutileiro inventa o pirilau em vez da estátua que, falada anos a fio, perdera qualquer razão de ser. Só que, só que ... os dias passam e os pirilaus murcham ... Visto o assunto a esta distância, e, não tarda, com mais uma geração ou duas em cima, ninguém vai compreender o que é que aquilo pretendeu significar frente a uma Lisboa imponente. "É um monumento ao 25 de Abril", talvez ainda se leia nas letras agora já sumidas da placa colocada no lado norte do coiso, mas ninguém, por ali, vai levar a sério o sério que terá sido, do ponto de vista histórico, a data a lembrar ...
Numa palavra: Cutileiro, ter-se-á entusiasmado e esforçado por ser moderno, diferente... Mas ... mas passada a energia, ía a escrever, tesão, esqueceu o ridículo ... É que agora, democracia instalada, percebe-se cada vez menos a alusão sexual - sobretudo porque pretende recordar um momento de liberdade que se quer presente - mesmo com a passagem dos anos. O que acontece é que, nesta altura, meus amigos, tarde piaste ... E, como seria de esperar, o dito cujo mija pouco, não se lava, a água está cara, e está muito caído em relação à Democracia, à Liberdade que pretende representar. Que, essa sim, precisa de uma alegoria que não murche. A não ser que Cutileiro tenha querido dizer que o 25/4 foi uma cãibra nacional ...Mas isso não lhe fica bem, convenhamos. Ponham lá a Liberdade. Mas uma que consiga sempre esguichar alto ... Não aquela porra!...
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