Num sonho todo feito de incerteza,
De nocturna e indizível ansiedade,
E que eu vi teu olhar de piedade
E (mais do que piedade) de tristeza ...
Não era o vulgar brilho de beleza,
Nem o ardor banal da mocidade ...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza ...
Um místico sofrer ... uma ventura
Feita só do perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira ...
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa ...
E deixa-me sonhar a vida inteira!
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