Os mistérios da vida ... Sim! Não são os mistérios da morte, são os da vida. Da vida de quem deixámos de saber notícias, de quem pensamos não ter sido sepultada/o ou jazificada/o, algures num cemitério longe, ou perto de nós ... Há pessoas de que, a certa altura, deixamos de ouvir falar ... Que nos telefonavam, e que pensavam em voz alta, bastas vezes, ao nosso lado e ... e, de repente, deixámos de ver, de ouvir, de saber paradeiros ... Há pessoas que, de facto, conseguem configurar, sim, outras que conhecemos da ficção. Há pessoas que nos fazem recuar a um D. Sebastião sem que se lhes conheça, ao menos, um Alcácer Quibir ou uma eventual fuga nocturna para um convento ... Há pessoas que contavam anedotas, episódios próprios e alheios e, de mansinho ou não, um dia, deixaram de se ouvir - como se nunca tivessem existido. Há pessoas ...
Não sei, não sabemos, entretanto, se nesta espécie de clandestinidade há causas indizíveis, arrufos estranhos, INTERNETes a mais, amizades contrárias à amizade, amores novos contra amizades velhas ... Há pessoas ...
Pessoas cilindradas por compromissos materiais, pessoas que deixaram de andar d'eléctrico e passaram a voar - num carro novo, no avião que mal tinham experimentado, mas que passou a ser quase hotel quotidiano ... Há pessoas ...
Há pessoas que morrem e deixaram dito: não quero que ninguém saiba. Há pessoas...
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