domingo, 22 de março de 2015

Se está tudo dito, se está tudo feito, o que faço aqui?...

Sim: o que é que faço aqui? Explicar quem foi Rembrandt?
Explicar, uma a uma, as suas obras?
Esclarecer o(s) contexto(s) em que foi/foram pintada/s?
Descobrir o descoberto?

NADA disso!
Neste, como em quase 7000 vezes aqui "sentado", falar de emoções, emoções pessoais, claro.
dos contextos em que foram  lidas, vistas, fixadas. APENAS (quantas vezes, nestes tempos do tudo ou nada, se recebe o mesmo e-mail ou uma sua versão?)

E, sendo assim, nesta espécie de impressionismo, agora como na primeira mensagem não formal,
a EMOÇÃO conta porque pode nada valer, por "partir" de alguém rodeado de livros que nem sempre leu até ao fim, de enciclopédias que consultou, em determinada altura, sem saber a que propósito e quando.

Pois então aí vai:
de Amesterdão guardo três emoções:
os canais e as casas floridas que as ladeiam
as flores por todo o lado
e, num museu repleto de "coisas bonitas", o enorme e espectacular quadro de Rembrandt,
RONDA DA NOITE, que os livros já dissecaram até ao milímetro.

O resto, o resto está, além do mais, também AQUI, neste espaço, nesta espécie de planisfério e, simultâneamente, globo, que é a INTERNET, a que, quase, na circunstância, pretensiosamente, estou a "tentar acrescentar" EMOÇÃO, emoção pessoal, essa sim, não copiada de ninguém, nem lado nenhum. E aí, quiçá, capaz de acrescentar uma/um sobre não sei que opiniões, olhares, pareceres, sentimentos. Com a muleta autorizada do TUDO SE TRANSFORMA. Que foi o que aqui, agora, se fez: com nada, tentar captar para tudo ... Graças ao sr. Google - que é um tudo: olheiro, esperto, mobilizador, amigo das contas bancárias, descentralizador de competências, museu e reserva de museu, enciclopédia dinâmica - graças à qual, como eu e muitos outros, estamos aqui, nos bancos de jardim deste mundo, a acumular o que diz o vizinho para ser dito ao vizinho, que comunica ao vizinho - para que tudo se transforme, no fim de contas, com um número mínimo de cérebros a reinventar ...E, muito menos, a inventar (?).

Numa palavra: há uma certa felicidade na ignorância inicial - se estiver disposta a não o ser.

SOU FELIZ! Até ver ... Ainda aparece gente no banco a dizer: olha, nunca tinha pensado nisso ...
Talvez, no fundo, as guerras, sejam, em parte, uma manifestação de um certo enjoo civilizacional ...


           " ... todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível                                   de incompetência" ´- é o Princípio de Peter, por exemplo.
               Pelo lado que me toca, Amesterdão, por exemplo, é a Ronda da Noite,
                                         de Rembrandt, são os canais e as flores.
               
                   Lê, vê, comenta quem quer. Eu, não sei mais do que tentar sentir.                                                                   




Já tive, entretanto, no contexto expresso, uma experiência curiosa: escrevi em poucas páginas a biografia (aqui publicada, inclusivé), de alguém com anos de vida,  onde entraram nazis e outros malucos do género, e o biografado, no acto do "lançamento" do livrinho resultante de conversas várias, não foi capaz de dizer à douta assistência muito mais do que o que tinha sido sentido pelo entrevistador/autor da "obra" ... Ou melhor: comunicou sentimentos, sons, caras, gestos, à espera de interpretações ... 

                               
É isso: aqui é o que há ...
         Com, graças a ..., que se reúne bastante gente, apesar de tudo.
Repete-se. Em Amesterdão, retive três coisas: a Ronda da Noite, de Rembrandt, os canais e as flores. Dizem-me que há também uma rua só com montras para prostitutas, mas não sei, não ... não vi, não estive lá ... E que também há muitos queijos, mas não gosto. Logo também não sei dizer mais do que isto...
                           Em ronda diurna, pelo menos. Que tenha dado para sentir.                                                      Anteontem.

                      
           
          

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