Um dia destes, à beira de uma ampla zona verde da periferia de Lisboa, estacionou, em espaço próprio para ligeiros, pesados e outros veículos de quatro rodas, uma medianamente tratada
"roullote", ou melhor, uma
carrinha adaptada. Até aqui nada, dir-se-ia, de muito anormal. Só que, em data que não posso precisar, deu para perceber que a "caravana" em causa, afinal, o que era, em plena zona residencial, era, pura e simplesmente, a habitação do seu regular utente ... Porquê? Porque durante o dia não tinha ninguém no seu interior e, ao fim da tarde, era ocupada sempre pelo mesmo inquilino/dono ...
Tudo normal! - opinar-se-á.
Sim, diz-se aqui no
banco do jardim7. O pior é que o que parece ser, tudo indica, é: um trabalhador sem dinheiro para pagar um tecto fixo e digno, a morar numa "caravana" - para tentar conseguir... sobreviver.
Que pode fazer a Câmara local? Que pode fazer a Junta de Freguesia apanhada no meio do desconforto? Que pode fazer a polícia, se o estacionamento está sinalizado e a "caravana" ocupa o espaço um pouco maior, quiçá, do que um vulgar ligeiro de passageiros? ...
Este apontamento
não é uma denúncia, é um, mais um, alerta - para o Portugal que temos, sem chegarmos a quem dorme à porta de lojas desocupadas da avenida da Liberdade, em Lisboa, que é, dizem ser, das mais
chiques da Europa ...
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