quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cantar saudade


De repente (não me perguntem porquê ...), neste princípio de ano, p'ra mim já adiantado de Primaveras, solta-se-me o passado, via ambiente de jornais respirado, e, sem querer, talvez porque emigração, a meu sentir, quase nunca foi desgraça, procuro as vozes que, longe, conheci nas palavras que me falaram de saudade ou nos versos que me entregaram, qual testemunho rimado de ondas de um Portugal contido nos gestos, levados das origens para consolo das distâncias. E, como quem reza, canto pagão registado, aí vão rimas, no caso, trazidas dos Estados Unidos da América, onde o escudo para o dólar sem alma são as quadras que ainda por lá se cantam entre conterrâneos e sabem à lusa saudade:

Fui cantar ao desafio.
Para bem me expandir;
Expandi-me de um feitio
Que ninguém gostou de ouvir!

Depois me pus a pensar
No meu fraco, tristemente.
Eu dei por mim a cantar
Cantigas p'ra mim somente!

Mas que bela cantoria!
Tudo me calhava bem!
Perguntava e respondia
Em cantigas de ninguém

Sendo adversário meu
Um diz tu - digo eu sem fim.
O meu cantador mais eu
De mim cantavam p'ra mim!

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