Do pouco tempo em que pisámos, no jornal "O Século", o mesmo espaço, fiquei com a ideia de que o fazíamos em corredores diferentes. No mesmo edifício, claro. Só que as instalações do jornal, arquitectonicamente falando, eram labirínticas e, quando veio o 25 de Abril, pareceu-me que Gageiro estava num andar e eu trabalhava noutro, ao fundo, à beira da placa de homenagem ao velho Pereira da Rosa.
Por outra palavras, a consideração que ainda tenho por, no caso, Eduardo Gageiro é enorme - mas não é política, nem nunca foi. Vantagem minha: anima-me uma altíssima estima pelo,diria, ilustre fixador de imagens do quotidiano que ele é, mas, ainda hoje, de certo modo, tenho a sublimar essa vénia profissional a dificuldade em aceitar o cheguevarismo com que, mal ou bem, desde sempre o identifiquei.
Vi-o ontem, em Lisboa, no Martim Moniz, num relance, de máquina fotográfica ao peito, qual síntese dos seus inúmeros méritos consagrados. Fotografei-o. Apenas por um motivo: ADMIRAÇÃO. Espero que, se aqui me ler, não leve a mal o meu gesto, que, aliás, tem anexo o GRANDE, FRATERNAL (discretamente emocionado) ABRAÇO que devo ao repórter que foi - e ainda é, creio. Em plena liberdade. Que é nossa.
PS: recordo que são suas, nomeadamente, fotografias históricas tiradas no dia 25 de Abril de 1974 e, em 1976, à Assembleia Constituinte. Mas o que, no seu trabalho de décadas, mais me impressiona são as pessoas que "fixou" a preto e branco nos seus "bonecos".
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