Apetece-me hoje festejar, "dar um abraço forte" a este novo meio de comunicação. É que, com ele, com a NET, podem ter passado a acontecer coisas indesejáveis, mas uma coisa é certa: a Verdade, até mesmo o pormenor da Verdade, se se quiser, tem agora, aqui, ESPAÇO para se fazer ouvir - sem censura, nem "panelinhas"...
in O DIA, de 25 de Agosto de 1983 - (Des)apontamentos
Ilhas
"Pôr o ovo e cantar de seguida é coisa de galinhas. De galinhas e de políticos. Os mortais comuns, esses, normalmente, pensam de outro modo. Com excepção dos vaidosos, que também são triviais no reino animal, onde até há pavões. O Criador, de facto, não se esqueceu de nada...
Entretanto, parece que está provado que a modéstia em excesso acaba por revelar-se estultícia. Ora bem, vamos ao que interessa: eu com as galinhas não tenho parecença; também não virei político; pelo contrário, sou um mortal igual aos demais e, no reino animal, pertenço ao género humano.
Acresce que confundo a vaidade com a estupidez, pelo que, passado um período de natural silêncio, só me resta, para evitar confusões, particularizar que o encontro do Porto "Os Portugueses no Mundo - uma cultura a preservar" não é ideia de nenhum Senhor Secretário de Estado e nasce como consequência da publicação do livro "Os Portugueses no Mundo", de que me honro ser autor.
E se trago agora este assunto ao primeiro plano, é apenas para recordar à Exma. Direcção da revista portuense "Nova Renascença" que, durante o Encontro referido, tive a feliz oportunidade de propor, e ver aprovada, a criação de um Centro de Cultura Lusíada "que se transforme, pouco a pouco, mas urgentemente, no ponto de encontro de homens da Cultura portuguesa espalhados pelo mundo e nos diga a todos o que somos hoje (...). Mas como as ideias sem concretização são mares que separam ainda mais, proponho igualmente que, se esta sugestão acabar por merecer a vossa concordância, seja nomeado um grupo de trabalho capaz de a concretizar sem demora, já que Portugal é grande na qualidade e quantidade dos seus homens de Pensamento mas, para ser digno de si próprio, necessita de transformar o que são as belas e floridas ilhas dispersas da sua Cultura, num verdadeiro, único e viçoso arquipélago lusíada".
Honra-me, por isso, a companhia do Prof. Agostinho da Silva que, ausente do Encontro, na mesma data, manifestou por escrito propósito idêntico, como li que refere, sem mais citações, o número 10 da prestigiada revista tripeira, atrás mencionada.
Não se pense, contudo, que o escrito de hoje é uma carta aberta. Não, não é. Nem carta, nem aberta. Aliás, se fosse carta seria ... fechada, discreta, lacrada, quiçá, com aviso de recepção que evitasse extravios. Porém, como habitualmente, não passa de um (Des)apontamento. Escrito numa ilha que, por ser minha, só tem as flores que eu lhe planto - e que os vizinhos lhe deixam medrar."
Falta, insisto eu agora (2010) dizer que, solicitei, recentemente, à senhora Ministra da Cultura que não se esquecesse da importância, e actualidade, de um Centro de Cultura Lusíada. Associada ao nome do Prof. Agostinho da Silva, sem dúvida, mas, se não se importa, comigo na sala, acrescento... E, se ainda existir, a de um representante da tripeira "Nova Renascença". Ou de uma "Renascença Contemporânea", que possa ter, entretanto, nascido. O importante é que, em tudo, se não percam as origens...Não acha, Excelência? Olhe, senhora Ministra, eu "descobri" este texto já depois de lhe ter escrito. Com ele reforço, tento reforçar, por isso, a ideia, graças a "esta coisa" que nos liga agora - e não nos ligava nos tempos do Encontro do Porto.
Fico entre o feliz e o expectante e, quiçá, ridículo, vou sentar-me, de vez em quando, num jardim que seja próximo do seu Ministério, para que, se a notícia vier e eu for preciso, se não perca mais tempo... E outras coisas...
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