Um estudo da Federação Internacional dos Jornalistas diz que a autocensura está a aumentar, mas por cá nem todos concordam com essa ideia.
Rodrigo de Matos
"A Federação Internacional dos Jornalistas (IFJ) apresentou o seu sétimo relatório anual sobre a liberdade de imprensa na China, onde são referidos os casos de Macau e Hong Kong, com um balanço negativo. O relatório fala num aumento da autocensura nos meios de informação em Macau.
No relatório “Guerra dos Media na China: Censura, Corrupção e Controlo”, que foi apresentado no Clube de Correspondentes Estrangeiros, em Hong Kong, é referido um agravar das medidas repressivas na China em 2014. Em relação a Macau, fala-se num “aumento da autocensura” e é descrito um ambiente em que os “jornalistas que se desviam da norma estabelecida são presos pela polícia e alguns académicos vêem os seus empregos suspensos ap.icas controversas."rma estabelecida sina em "os, em Hong Kong, em Macau nesta igo. a ntaçós exercerem o seu direito de falar sobre políticas controversas".
Em Macau, as conclusões do relatório foram contestadas pelo presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM).
“Este relatório é incompleto, enviesado, e não reflecte a totalidade da situação em Macau”, afirmou João Francisco Pinto, em conversa com o PONTO FINAL, lembrando que a sua associação nunca foi ouvida pelos autores do estudo.
“O que me parece mais importante é que em Macau não nos é imposta censura nem sentimos pressão”, referiu o responsável, reportando-se ao caso da imprensa em português ou em inglês no território. Já na imprensa em chinês, admite, a história pode ser outra, mas ainda assim, não acha haver razão para preocupação.
“A orientação editorial de determinado órgão de comunicação social é legítima do ponto de vista da liberdade editorial. Cada órgão é responsável depois perante os seus leitores”.
O presidente da AIPIM vai mais longe: “Estamos num ambiente de tanta liberdade que tenho de considerar esses casos referidos no relatório como insignificantes.”
Imprensa em chinês mais sujeita a pressões
A opinião é corroborada por Paulo Rego, director do semanário Plataforma Macau, que também contesta as conclusões e os métodos do estudo da IFJ. “Não reconheço, por exemplo, Jason Chao como colega de profissão. Este estudo não tem por base testemunhos jornalísticos, mas políticos”, observou. “Discordo em absoluto da tese de que haja um acréscimo de auto-censura”, disse ao PONTO FINAL.
O jornalista referiu que essas pressões se notam mais na imprensa em chinês. “É consensual que na imprensa de cultura ocidental não há censura. Nenhum de nós se queixa de pressões ilegítimas. O que sinto é, pelo contrário, falta das legítimas”, revelou, considerando que “as pressões fazem parte do exercício do jornalismo” e queixando-se de que os poderes em Macau, “por falta de competência”, muitas vezes preferem remeter-se ao silêncio do que revelar a sua visão dos assuntos.
Liberdade em perigo
O optimismo em relação à liberdade de imprensa em Macau não é tão convincente para Agnes Lam, estudiosa da Universidade de Macau especialista na situação dos media locais, que, embora também conteste as opções metodológicas do estudo da IFJ, corrobora as suas conclusões.
“Concordo que a autocensura esteja a crescer”, afirmou a académica, ouvida pelo PONTO FINAL, lembrando sobretudo o que acontece nos jornais em chinês sempre que se aproxima a eleição do Chefe do Executivo: “Alguns chegam a suprimir as suas colunas de opinião durante esse período.”
“Depois do que aconteceu com o movimento Occupy Central, em Hong Kong, temo que a liberdade venha a ser posta em causa e isso irá afectar Macau por tabela. Tudo isso irá levar a mais restrições”, referiu a professora que considera que a defesa da liberdade passa por “uma maior profissionalização” de toda a comunicação social.
“Isso é o mais importante. E a sociedade deve exigir e promover uma imprensa mais independente e neutra”, concluiu.
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