sábado, 8 de agosto de 2015

Passear pássaros em Macau é coisa macha ...


É a gaiola, trazida de Macau na minha bagagem de mão, e pendurada, há uns anos, a dois passos deste banco de jardim, que me convoca para a "conversa". Eis senão quando, porém, quando ando a pesquisar o que havia "por cá" sobre o assunto ... me reencontro (Boa noite, Macau Antigo!). E não tenho quase nada a acrescentar. O mundo  é pequeno. Mas se alguém quiser, diga, que fotografo a gaiola que tenho por cá, a dois passos, e mostro-a, mas é igualzinha à que está aqui por baixo, à direita.
Numa entrevista a Marcial Alves, em 1995, Henrique de Senna Fernandes explicava assim este hábito: 


"Os chineses gostam muito de jardins. Esses pássaros nas gaiolas, no fundo, traduzem também um sentimento de paz, de estar em contacto com a Natureza. Pintassilgos, melros, etc. Mas já rouxinóis, não. Muitos deles são criados para combater. Há combates de rouxinóis em que, aquele que perde, nunca mais pode combater... Fazem-se apostas fortíssimas. Mas, a maioria, leva o pássaro a passear, pendurando a respectiva gaiola num ramo e deleitando-se a ouvir a melodia do piar libertado no meio da folhagem toda. É, contudo, tarefa para os homens. Não se vê uma mulher a passear pássaros."

Num artigo publicado em 2008 no Jornal Tribuna de Macau Leonel Barros escreveu assim sobre o tema: 

"A partir dos anos trinta, o Jardim de Camões tornou-se o local mais procurado pelos criadores de pássaros, que ainda hoje frequentam aquele emblemático espaço verde citadino. É ali que os turistas de Macau podem encontrar as mais abundantes e variadas espécies de vegetação tropical que, com o decorrer do tempo, transformaram o recinto do jardim num local verdadeiramente aprazível, onde os raios solares dificilmente conseguem penetrar, devido à abundância de árvores, arbustos e plantas trepadeiras. Este e outros pontos da cidade são frequentados por elementos da comunidade chinesa, desprovidos de qualquer formalismo, que ali se refugiam, em dias de frio ou de calor, levando consigo as suas gaiolas. À semelhança do que sucede na China, em Macau os criadores de pássaro reúnem-se ao pequeno almoço em casas de chá, típicas, a fim de trocarem impressões sobre o canto e comportamento das suas aves de estimação. Os principais locais de convívio concentravam-se na Rua dos Mercadores e na Rua Cinco de Outubro, onde ainda hoje é possível escutar, às primeiras horas do dia, o chilrear dos passarinhos, que entoa no interior de uma ou outra casa de chá". 

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