Um dia, as obrigações profissionais ao serviço de um dos diários que a voragem das contemporâneas lusas crises fez desaparecer, obrigavam a uma paragem em Lima, no Perú, que era conhecida, pelo menos, há uns anos, pelos perigos que constituía para quem "ousasse", sozinho, pisar as ruas da sua capital.
Pedi, por isso, à respectiva embaixada Lisboa que alguém, justamente em Lima, me "ciceronasse" (leia-se, me "guardasse as costas"). Simpática, a embaixada do Perú na capital portuguesa, garantiu-me, sem hesitar, o solicitado, através do seu ministério dos Negócios Estrangeiros.
E lá fui. Só que ... só que, chegado, à hora aprazada, na capital peruana, não apareceu no hotel nem guia, nem guarda-costas nenhum ... Esperei, por isso, o tempo que achei razoável na circunstância, ao fim do qual, mantendo-se a ausência do apoio garantido, telefonei, do hotel, para o ministério dos Negócios Estrangeiros peruano e disse o que tinha a dizer a propósito do verbalmente assegurado em Lisboa. Mas acrescentei, um pouco em desespero (lembro-me bem ...): "se não aparecer ninguém desse ministério a cumprir o garantido em Lisboa, dentro de uma hora, sairei, sozinho, à vossa responsabilidade, por aí, pelas ruas de Lima ..."
Resultou: passados minutos, apareceu, na recepção do hotel, um funcionário superior do ministério dos Negócios Estrangeiros peruano a assegurar-me (DIFÍCIL!, como previsto) segurança pessoal. E, "arrimado" ao meu "guarda-costas" (CULTO), fiz então a visita que, não sem algum receio, fora prevista em Lisboa, obrigatória, no trajecto profissional a cumprir.
Apontei o que o trabalho me impunha que anotasse - com a ajuda (física e cultural) do simpático funcionário (superior?) peruano que me guiou - cultural e fisicamente, na "aventura" que tudo acabou por constituir e serve para contar a netos ... e, agora, num banco de jardim ...
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