SOS! SOS! SOS!
Assunto: "O Factor Vara"... por Miguel Sousa Tavares
*"O Factor Vara"... Miguel Sousa Tavares**
Toda a 'carreira', se assim lhe podemos chamar, de Armando Vara, é uma
história que, quando não possa ser explicada pelo mérito (o que,
aparentemente, é regra), tem de ser levada à conta da sorte. Uma sorte
extraordinária. Teve a sorte de, ainda bem novo, ter sentido uma
irresistível vocação de militante socialista, que para sempre lhe
mudaria o destino traçado de humilde empregado bancário da CGD lá na
terra. Teve o mérito de ter dedicado vinte anos da sua vida ao exaltante
trabalho político no PS, cimentando um currículo de que, todavia, a
nação não conhece, em tantos anos de deputado ou dirigente político,
acto, ideia ou obra que fique na memória. Culminou tão profícua carreira
com o prestigiado cargo de ministro da Administração Interna - em cuja
pasta congeminou a genial ideia de transformar as directorias e as
próprias funções do Ministério em Fundações, de direito privado e
dinheiros públicos. Um ovo de Colombo que, como seria fácil de prever,
conduziria à multiplicação de despesa e de "tachos" a distribuir pela
"gente de bem" do costume. Injustamente, a ideia causou escândalo
público, motivou a irritação de Jorge Sampaio e forçou Guterres a
dispensar os seus dedicados serviços. E assim acabou -
"voluntariamente", como diz o próprio - a sua fase de dedicação à causa
pública. Emergiu, vinte anos depois, no seu guardado lugar de
funcionário da CGD, mas agora promovido por antiguidade ao lugar de
director, com a misteriosa pasta da "segurança". E assim se manteve um
par de anos, até aparecer também subitamente licenciado em Relações
Qualquer Coisa por uma também súbita Universidade, entretanto fechada
por ostensiva fraude académica. Poucos dias após a obtenção do "canudo",
o agora dr. Armado Vara viu-se promovido - por mérito, certamente, e por
nomeação política, inevitavelmente - ao lugar de administrador da CGD:
assim nasceu um banqueiro. Mas a sua sorte não acabou aí: ainda não
tinha aquecido o lugar no banco público, e rebentava a barraca do BCP,
proporcionando ao Governo socialista a extraordinária oportunidade de
domesticar o maior banco privado do país, sem sequer ter de o
nacionalizar, limitando-se a nomear os seus escolhidos para a
administração, em lugar dos desacreditados administradores de "sucesso".
A escolha caiu em Santos Ferreira, presidente da CGD, que para lá levou
dois homens de confiança sua, entre os quais o sortudo dr. Vara. E, para
que o PSD acalmasse a sua fúria, Sócrates deu-lhes a presidência da CGD
e assim a meteórica ascensão do dr. Vara na banca nacional acabou por
ser assumida com um sorriso e um tom "leve". Podia ter acabado aí a
sorte do homem, mas não. E, desta vez, sem que ele tenha sido tido ou
achado, por pura sorte, descobriu-se que, mesmo depois de ter saído da
CGD, conseguiu ser promovido ao escalão máximo de vencimento, no qual
vencerá a sua tão merecida reforma, a seu tempo. Porque, como explicou
fonte da "instituição" ao jornal "Público", é prática comum do "grupo"
promover todos os seus administradores-quadros ao escalão máximo quando
deixam de lá trabalhar. Fico feliz por saber que o banco público, onde
os contribuintes injectaram nos últimos seis meses mil milhões de euros
para, entre outros coisas, cobrir os riscos do dinheiro emprestado ao
sr. comendador Berardo para ele lançar um raide sobre o BCP, onde se
pratica actualmente o maior spread no crédito à habitação, tem uma
política tão generosa de recompensa aos seus administradores - mesmo que
por lá não tenham passado mais do que um par de anos. Ah, se todas as
empresas, públicas e privadas, fossem assim, isto seria verdadeiramente
o paraíso dos trabalhadores! Eu bem tento sorrir apenas e encarar estas
coisas de forma leve. Mas o 'factor Vara' deixa-me vagamente deprimido.
Penso em tantos e tantos jovens com carreiras académicas de mérito e
esforço, cujos pais se mataram a trabalhar para lhes pagar estudos e que
hoje concorrem a lugares de carteiros nos CTT ou de vendedores porta a
porta e, não sei porquê, sinto-me deprimido. Este país não é para todos.
P.S. - Para que as coisas fiquem claras, informo que o sr. (ou dr.)
Armando Vara tem a correr contra mim uma acção cível em que me pede 250
000 euros de indemnização por "ofensas ao seu bom nome". Porque,
algures, eu disse o seguinte: "Quando entra em cena Armando Vara, fico
logo desconfiado por princípio, porque há muitas coisas no passado
político dele de que sou altamente crítico". Aparentemente, o queixoso
pensa que por "passado político" eu quis insinuar outras coisas, que a
sua consciência ou o seu invocado "bom nome" lhe sugerem. Eu sei que o
Código Civil diz que todos têm direito ao bom nome e que o bom nome se
presume. Mas eu cá continuo a acreditar noutros valores: o bom nome,
para mim, não se presume, não se apregoa, não se compra, nem se fabrica
em série - ou se tem ou não se tem. O tribunal dirá, mas, até lá e mesmo
depois disso, não estou cativo do "bom nome" do sr. Armando Vara. Era o
que faltava!
Acabei de confirmar no site e está lá, no site institucional do BCP.
Vejam bem os anos de licenciatura e de pós-graduação!!!!!:
Armando António Martins Vara
Dados pessoais:
Data de nascimento: 27 de Março de 1954
Naturalidade: Vinhais - Bragança
Nacionalidade: Portuguesa
Cargo: Vice-Presidente do Conselho de Administração Executivo
Início de Funções: 16 de Janeiro de 2008
Mandato em Curso: 2008/2010 Formação e experiência Académica
Formação:
2005 - Licenciatura em Relações Internacionais (UNI)
2004 - Pós-Graduação em Gestão Empresarial (ISCTE)
http://www.millenniumbcp.pt/
ticle.jhtml?articleID=217516
<http://www.millenniumbcp.pt/
ticle.jhtml?articleID=217516>
Extraordinário... CV de fazer inveja a qualquer gestor de topo, que
nunca tenha perdido tempo em tachos e no PS! Conseguiu tirar uma
Pós-graduação ANTES da licenciatura...
Ou a pós-graduação não era pós-graduação ou foi tirada com o mesmo
professor da licenciatura, dele e do Eng. Sócrates...
E viva o BCP e o seu "bom nome"!!!
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