MACAU: Moody's revê rating de Macau por temer enfraquecimento da economia

by Ponto Final

"A Moody's reduziu ontem o ‘rating’ de Macau de Aa2 para Aa3, justificando a descida com o “acentuado enfraquecimento da economia, com o crescimento ainda altamente volátil”, aliado à “limitada resposta” governamental à queda das receitas do jogo.

“A perspectiva negativa reflecte as incertezas que rodeiam a trajectória de crescimento, [e] a resposta política”, além das consequências nas reservas orçamentais da região administrativa especial, cuja economia é altamente dependente do jogo, um sector que há quase dois anos regista consecutivas quedas nas receitas.

“O perfil de crédito de Macau continua muito forte” em comparação com a maioria das economias avaliadas, diz a Moody’s. No entanto, o crescimento da RAEM “está altamente dependente do sector do jogo, que representa 58,3 dos resultados económicos aos preços de produção actuais, cerca de três quartos da sua exportação de serviços, e três quartos do total das receitas fiscais”.

O “choque económico” no sector do jogo e a descida do número de turistas da China resultou numa queda significativa do PIB, lembra a agência, referindo uma contracção anual da economia em 20,3 por cento em 2015, após uma contracção de 0,9 por cento em 2014, resultados que contrastam com a média anual de crescimento de 13,7 por cento registada nos cinco anos anteriores.

“A nossa expectativa é que a economia continue a contrair em 2016 e 2017, apesar de o ritmo da descida poder abrandar. A médio prazo, o crescimento real anual do PIB deve estabilizar entre 1,5 e 2 por cento”, prevê a agência.

As estratégias do Governo de Macau para diversificar a economia têm-se centrado em “ampliar o mercado de jogo e turismo”, o que, para a Moody’s, torna o crescimento “volátil e susceptível a mudanças na procura externa”.

O ‘rating’ Aa3 é, ainda assim, justificado pelo ‘fôlego’ financeiro dos cofres de Macau, ainda que se tenham registado quedas no saldo orçamental. “O perfil fiscal continua forte, caracterizado pela ausência de dívida pública”, o que permitiu a acumulação de “consideráveis reservas”.

Ao mesmo tempo, diz a agência, “rendimentos ‘per capita’ muito altos sustentam a robustez económica” de Macau. A Moody’s considera “pouco provável” que o ‘rating’ suba a curto prazo, mas afirma que este pode estabilizar consoante “provas de que uma recuperação económica vai perdurar a médio prazo” e que as ‘almofadas orçamentais’ se vão “manter intactas”.