Mobilização por objectivos

Pois, sim senhor, a nível europeu, temos tratados que falam de regras a respeitar pelos governos. Temos isso, está bem. Mas onde estão ideias europeias mobilizadoras para a maioria das populações? E, a não ser na Alemanha, digo eu, que, no fundo, acredita que Berlim acabará por ser a capital europeia, onde estão, preto no branco, os grandes desígnios para cada país e, depois, para o espaço europeu de que fazem parte?


Estou sentado no jardim que já conhecem. E, pessoalmente, há duas atitudes que, na circunstância, me ocorrem: uma delas é, frente ao coreto de que já vos falei, esperar que chegue a banda; outra, é vir para aqui tentar "modificar o mundo"... Opto pela segunda hipótese. Sabem porquê? Porque estou vivo e...e sou avô. Como, se calhar, a maioria dos que têm pachorra para abrir "aqui"...


Mas vamos ao importante: Portugal, que foi dos Descobrimentos, continua a ter uma costa marítima enorme.
Que mobilização nacional faz hoje com ela? Mobilização de que se fale todos os dias...


Portugal "deu" Brasis, Portugal "deu" ao mundo uma parcela significativa de África... Que "faz" com tudo isso?


Portugal tem uma Universidade de Aveiro, por exemplo, onde há "cérebros com olhos"... Para quê? Um para quê que se veja... Nestas coisas, como todos sabemos, não basta pôr ovos, é preciso cantar... No caso, é preciso mobilizar. Façam, digam, porra!


E a Europa a que se está a agarrar? A ver quem mama mais? Ou há por aí alguma coisa globalmente galvanizante? Digam às pessoas. O Mundo, a Europa precisa de UMA IDEIA, de UMA RAZÃO para acreditar. Sem perda, obviamente, dos seus direitos individuais, da sua liberdade.


Acordei a pensar em lembrar aos meus amáveis visitantes dois jornais que mantenho nos "papéis velhos". Dois que falam da mesma coisa: a ida à Lua. Na época, um forte desígnio dos EUA e...e do resto do mundo, diria.


Pois bem. Reparem como, visados pela censura, embora, dois jornais portugueses "construiram" as suas primeiras páginas:


O "meu" Diário de Notícias falou dos outros, mas esqueceu-se de nós. Ou lembrou-se do "seu" Natal dos Hospitais.


No dia seguinte, o Primeiro de Janeiro, até, na altura, já com o HOMEM na Lua, não deixou de trazer para a primeira página duas chamadas de atenção para o nosso umbigo. A saber:


"PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL EFECTUOU-SE A TRANSPLANTAÇÃO DUM RIM"


"NA VOLTA A FRANÇA EM BICICLETA, JOAQUIM AGOSTINHO FOI 9º NO CONTRA-RELÓGIO E CONSERVOU O 8º LUGAR NA CLASSIFICAÇÃO GERAL".


Por favor, senhores governantes, falem uns com os outros, reúnam-se, convidem para a conversa os reitores das universidades, os sábios que tivermos, eventualmente, espalhados pelo mundo, perguntem a quem quiserem, ao Povo, se não tiverem medo, e decidam, decidam-se por dois ou três objectivos exequíveis, mas mobilizadores das vontades. Se não tiverem medo, façam um referendo sobre o assunto. Mas, não nos lixem, dêem-nos uma razão, pelo menos, para sorrir e trabalhar com garra.


E tu, Europa, do que estás à espera? De um Hitler? De um Lenine? Deixa-te de paleio... Diz-nos para onde vale a pena ir. Indica-nos duas ou três razões para acreditar. E refenda-as A NÍVEL EUROPEU. No mesmo dia, à mesma hora. Em todo o lado: na Alemanha, em Espanha, aqui, em todo o Espaço Europeu. O que esteve nos Jerónimos e o outro que se lhe juntou.

E deixa falar quem fala. O nosso credo mobilizador vem nos compêndios de história. Há lá muitos motivos para acreditar. Senta-te aqui.