segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Algures, nas Traseiras do Litoral, um sinal de mudança?

Na aldeia, o padre é, há décadas, o mesmo. Por isso, difícil foi, durante larguíssimos anos, ensaiar, o simples ensaiar, de qualquer gesto que, mesmo não atraiçoando a Santa Madre Igreja, fosse grito d'alma de uma população, quase unanimemente, habituada à sua voz, a um tempo "detentora da Verdade" e, a outro, senhora de terrenos poderes vários na região.

Até que ... até que, num dia destes, as circunstâncias ditaram uma leve, muito leve diferença. Coisa simples. Na ausência ocasional do velho prior, verificou-se a exigência de um funeral. E veio, por isso, um jovem padre substituir o "titular" da paróquia, não na doutrina, claro, mas no modo de a cumprir...

Foi o caso que, sendo hábito, da igreja ao cemitério local (uns 300 metros), o coche funerário seguir à frente e a população acompanhar, em cortejo quase pagão, o féretro, naquele dia ter sido ao contrário, isto é, não em grupo mais ou menos anárquico, mas em duas filas indianas, à direita e à esquerda, a rezar, a rezar o terço, enquanto cá para trás, o carro, com o padre à frente, reduzia a sua marcha para o ritmo dos acompanhantes que lhe seguiam à frente e, chegados ao cemitério, ficavam (ficaram) a fazer como que guarda de honra ao falecido.

Em poucas palavras, fica o registo. Está dado o mote para a mudança. Envolvente e comunitária. Sobretudo para os católicos.

E que assim venha a ser - sempre.

Desenho de Isabel Alves
O povo gostou, diz-se. Embora se saiba que nem tudo muda assim...

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