Portugal e o mar

Discorde-se do homem. Prenda-se o cidadão. Abjure-se o político, mas leia-se parte do que Isaltino Morais (calma! Isaltino de Morais) escreveu no Boletim Municipal de Oeiras - e repita-se até à exaustão:

"(...) Apesar de hoje Portugal não ter mais a mesma marinha mercante, a frota pesqueira do passado ou a mesma indústria de construção e reparação naval, um mundo de oportunidades ligadas ao Mar se abrem para o País.


Em primeiro lugar, a logística atlântica. Portugal apenas é um país da periferia se olharmos o mundo com as lentes eurocêntricas que nos habitámos a usar. Portugal é um País central no imenso lago atlântico que une a Europa, África e as Américas. Com o peso específico de Angola ou do Brasil (particularmente) a aumentar significativamente na economia global, desaproveitar a localização portuguesa na logística atlântica (onde Sines será sempre um porto essencial) é fechar os olhos ao óbvio.


Em segundo lugar, as imensas Zona Económica Exclusiva e Plataforma Continental portuguesas. Com os avanços tecnológicos que se conhecem, o imenso mar sob jurisdição portuguesa, e seus recursos nos bancos de pesca e no subsolo representam mais uma dimensão das oportunidades que do Novo Mar nascem.


Em terceiro lugar, a economia do conhecimento. Um País com o património de conhecimento como o que está na posse de organismos como a Escola Náutica Infante D. Henrique ou do Ipimar, possui instrumentos únicos nas tecnologias e no conhecimento do Mar. Não pode ser menosprezada a oportunidade de fazer destes organismos centrais internacionais no ensino da arte da navegação ou pólos únicos de saber na investigação marítima.

Em quarto, e último, lugar, o turismo. Se Sines é um pivot na logística atlântica, Lisboa pode e deve pretender ser o principal porto de cruzeiros da Europa. A localização do Porto de Lisboa, no ocidente europeu e a meio caminho entre o norte da Europa e o Mediterrâneo, e a importância histórica e cultural portuguesa (e sua região), tornam toda a região num imenso destino de turismo (caso o ordenamento do território acompanhe todo o potencial existente)."