quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ladaínha para doze rosas da Galileia

 LISBOA, ruadojardim, junto ao coreto ...

Se uma rosa por aqui nascesse,
Eu me sentiria perder
Como se minh'alma morresse
No Outono, ao entardecer.


Se uma rosa por aqui nascesse,
Em qualquer sábado a haver,
Dava-lhe o cravo que viesse
A seu lado, a acontecer


Se uma rosa por aqui nascesse,
Nesta Praia, à beira rio,
Talvez as mágoas sofresse
Sem queixumes, mesmo ao frio.


Se uma rosa por aqui nascesse,
Toque mágico, minha mão,
Fugia p'ra que não ouvisse
Quem lhe apontasse um senão


Se uma rosa por aqui nascesse,
Foita, bela, livre, vivaz
Voltava a viver, se quisesse
Que o mundo não volta p´ra trás


Se uma rosa por aqui nascesse,
E de orvalho se regasse,
Talvez Cupido acontecesse
E em botão a libertasse


Se uma rosa por aqui nascesse.
E certo beijo a acordasse,
Talvez p'la manhã a colhesse
E, p'la noite, recitasse


Se uma rosa por aqui nascesse,
Formosa como as d'Isabel
Talvez de Coimbra viesse
Qualquer milagre em papel

Se um rosa por aqui nascesse
P'ra marca de livro à espera,
Plantava mais, p'ra que houvesse
Sempre, sempre uma quimera

Se uma rosa por aqui nascesse,
Pão e vinho de Cardeais
Talvez Gonzaga não vivesse
Neste Portugal do Jamais.











Se uma rosa por aqui nascesse,
Vermelho-veludo, ou não
Cortava-a rente, bem cerce,
Bem junto do teu coração.

Se uma rosa por aqui nascesse,
Poema da terra a cantar
Talvez a palmeira morressse
Na floresta, olhando o mar.

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