quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Memórias para combater a Crise: "Hair" - Londres, Páscoa 1971

Foi a Halina, que tinha vivido em Londres, me fez, a pedido, um roteiro para a estada de uma semana na capital inglesa. Lembro-a aqui, sentado num banco de jardim, em Lisboa, para lhe dizer, onde quer que esteja, que não esqueci, em particular, os seus cuidados ao recomendar-nos, a mim e à minha mulher, a ida ao teatro londrino onde se representava o HAIR, que "continha cenas eventualmente chocantes..." Fomos, claro.

Minha querida Halina, julgo ter percebido, mas percebo agora muito melhor: "hippies-anos 60: apologia da liberação das drogas, música, paz, amor..." American Love-Rock Musical. Tudo para reflectir.Na altura e agora.

Acabamos por ser o que vemos... Ficou, ficou-nos, digo eu, a esta distância, a paz (interior), o amor, a música - e uma vacina contra o que é hoje mal de populações na demanda de si próprias. Retenho as belas imagens dos corpos nús em palco, claro, mas revejo-os, à distância, como um certo apelo à pureza. E, por isso, com encanto. Mas com absoluta rejeição desse amor alimentado a narcóticos, que são a negação dos desafios da vida - que ajudam a viver. Sobretudo, os que gostam do azul do céu, de flores, de sorrisos, de livros... E de falar, de falar, minha querida. E de escrever, porque não?!... Às vezes ultrajados, roubados, incompreendidos, invejados, atraiçoados, mas "de pé, como as árvores" - se possível.

De resto, Londres foi "dose" repetida e repetida... Que se recomenda. Embora...embora Paris... Folies Bergère... Bom!...

Bem-hajas, Halina! Agora que já conheço várias Londres, percebo melhor a importância do que me recomendaste. Sobretudo, aqui sentado - a pensar... Chefe de nada. E a escrever como se não viesse ninguém ler-me. Ou apenas tu, silenciosa, por cima do meu ombro.
Foto M.A.P.

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