domingo, 8 de julho de 2012

Emigrar

Emigrar não é uma boa coisa. Sabe-se. Grita-se. Todos os dias se, em particular, politicamente, der jeito. Em princípio, quem emigra é porque não vive confortavelmente nas suas origens. Escreve-se, discursa-se, "comicia-se". Levantam-se vozes habituadas à revolta, à agitação. E a afirmação passa numa boa parte das vezes. Com alguma razão, convenhamos. Os portugueses que emigram, na maior parte dos casos, fazem-no com base em carências nas suas origens. Logo, por dificuldades que não deveriam existir. Mas ...

Mas ... agora que não está aqui o sr. Malato, da televisão, que um dia, há uns anos, na RTP, me tirou a palavra para não me deixar explicar o que queria dizer, fica o simples, de resto, já escrito no meu "Os Portugueses no Mundo", que, não pretendendo glorificar ...

Veríssimo Serrão no prefácio da obra citada: "...O fenómeno da emigração pode considerar-se endémico na vida nacional, desde a época áurea dos Descobrimentos. Fomos sempre uma nação que percorreu os caminhos do Mundo para obter os recursos materiais que a terra de origem a muitos negava."

Ora aí está. À falta de "recursos materiais (e outros) na terra de origem", um aspecto particularmente importante,  opomos a notável capacidade de integração, a facilidade de estar com os outros que, desde sempre, de algum modo, nos integrou onde quer que as necessidades nos levaram.

Emigrar nunca é uma boa coisa, repete-se, mas, no caso português, é menos má do que para outros, que vivendo também em território escasso em tudo, ou pior do que o nosso, são incapazes de procurar integrações em espaço alheio - por dificuldades várias, que passam pela incapacidade de convívio que, nos portugueses é inata,  e, de resto, demonstrada com invulgar abundância. Claro é que, quando a renda é menor e o espaço aperta, sair, para português, é menor drama do que para muitos ... O que não pode é ser, por mais abertura fronteiriça que haja, argumento para governos e, sobretudo, para más governações. Isso, NUNCA! Mas não deturpemos as coisas. Usemos a liberdade de expressão para dizer tudo. Deixar dizer tudo. Até que somos bons onde quer que estejamos. De preferência, entre o Minho e o Algarve - ou na Madeira e nos Açores.

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