- Fale-me de dois ou três momentos da sua "estrada da vida" (estou a fazer uma brincadeira com o nome do filme em que participou )...
- Estreei-me aos 19 anos ...
- Num total, agora, de ...
- 67!
- É mais nova do que eu ...
- A minha estrada não foi muito longa porque, embora a minha filha fosse muito pequenina, eu tinha que a sustentar, tinha que dar ajuda aos meus pais que eram quem, comigo, a criavam, e, às tantas, tive que deixar o teatro.
- Mas, mesmo assim, ainda foram quantos anos?...
- Foram 10 anos. Aliás, eu entrei para o Conservatório aos 18/19 e estreei-me no Trindade com a peça A Traição Inverosímil, do Domingos Monteiro, com grandes monstros sagrados da altura: Brunilde Júdice, Alves da Costa, Assis Pacheco e muitos outros que faziam parte da companhia.
Estava no Conservatório, mandaram-me ir ao Trindade, fui e fiquei. Estreei-me aí. Depois voltei ao Conservatório, evidentemente e ... Estava eu no Conservatório, tenho a impressão, não tenho a certeza, e, um dia, a Henriqueta Maia, que estava a fazer uma peça com a Eunice, o Rogério Paulo e muitos outros, no Monumental, teve que ser operada de urgência. Pediram-me para a substituir. Substituí-a em 24 horas.
A peça chamava-se ... chamava-se Deliciosamente Louca. Representei-a enquanto ela esteve doente. Depois a Henriqueta Maia recuperou, voltou e eu ... e eu fui-me embora.
Entretanto, fiz várias coisas, várias peças de teatro infantil, no Monumental, com o Paulo Renato. E estreei o Teatro Villaret, com a peça O Inspector Geral. Trabalhei com o Solnado, a Manuela Maria, o Armando Cortez e outros. Fiz também uma peça no Teatro Laura Alves, com Morgado Júnior, com a Guida Maria, a Manuela Maria, o Rui de Carvalho (eu fazia a menina que comia as laranjas ...).
A última peça que fiz foi no Teatro Villaret. Uma peça que não era engraçada, não era para rir, não era comédia - e foi o seu mal, porque estava muito gira, muito boa. Com o João Alvarenga. Mas esteve muito pouco tempo porque as pessoas habituaram-se a ir ao Villaret ver o Raúl Solnado e, no intervalo, no intervalo ... saiam porque o não tinham visto e não se tinham rido ...
- Havia uma pré-disposição para ir lá para rir ... Se não riam ...
- Esteve um mês em cena e acabou ...
- As pessoas não riam ...
- E acabou!... Entretanto, fiz dois filmes: A Estrada da Vida, com o Paulo Renato e a Laura Soveral, e, logo a seguir, uma paródia à Bonanza (série televisiva americana), mas acho que esse filme ardeu ... Foi uma pena, porque era muito engraçado. Entrava o Nicolau Breyner, a Natalina José, eu, sei lá ... muita gente ...
- Cinema, televisão ou palco?
- Sobretudo, palco!
- Porquê?
- É do que tenho mais saudades. Porquê? ... É a respiração do público, ali ... E nós podemos construir uma personagem. Há tempo para isso. Fiz pouca televisão. A que fiz, fi-la em directo: Harpa de Ervas, de Truman Capote, por exemplo.
- Mas era o palco que a entusiasmava ...
- Sim, sim!... Se bem que tenha gostado muito de fazer cinema. Gostei muito, muito ... A televisão é residual.
- Fale-me de um episódio inesquecível ...
- Fiz várias peças com ... Na altura, havia o Teatro do Povo, ou Teatro Popular, na Estufa Fria, com o Augusto de Figueiredo. Trabalhei lá vários anos. Não era actriz fixa, era convidada a fazer várias peças. Originais portugueses. Gostei muito de trabalhar com ele. Era um grande actor, encenador ... Uma pessoa espectacular.
- Vamos à fotografia? ...
- Sim ...
- Talvez aqui ... Num ângulo "diferente" ...
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È pena que muitos bons artistas tenham saído da cena artística! E não era a D. Célia de Sousa que aparecia ainda muito jovem no Zip Zip?
ResponderEliminarTem razão! Quanto ao Zip Zip, não sei. Entretanto, sendo o programa tão importante, só por esquecimento, mas a entrevista decorreu com tanta tranquilidade que ...
ResponderEliminarObrigado pela sua presença aqui. E "faça o favor de ser feliz" e...e aparecer.