domingo, 15 de março de 2015

Macau 2- Diário do Povo Online, em português, anuncia-se

 


by Ponto Final
Lou Shuo, em Pequim
"A versão portuguesa do site do Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês(PCC), entrou em funcionamento a partir de Janeiro deste ano. Como diz Renato Lu, o actual editor do site em português, o site ainda se encontra “na fase de exploração e construção”.
Sendo o jornalista do media oficial do país, a sensação da pressão, para Lu, “é grande”, também “nenhum desvio pode ser surgido nos textos”. “Há muitos textos para fazer revisão diariamente, a qualidade e o conteúdo dos textos têm que ser apropriados para fazer a divulgação nos países estrangeiros”, admite.
A equipa da redacção é pequena no momento - composta por apenas três jornalistas chineses que principalmente escrevem em português do Brasil. Segundo Lu, “temos planos de ter no total seis jornalistas na redacção no futuro e um colega português contratado já está no caminho de se juntar connosco, queremos levar em conta o português de ambos, o europeu e o português brasileiro”.
Em relação às notícias publicadas no site, Lu conta que os incidentes principais nacionais são o maior foco.
"Por exemplo, nos últimos dias andamos ocupados para cobrir as notícias das maiores reuniões políticas do país. Além disso, temos uma coluna especial para promover as notícias dos países lusófonos, contribuições de textos elaborados por colaboradores e colunistas também”, relata.
Já a matriz do site é fiel ao original.
“A nosso fonte dos materiais vem do jornal Diário do Povo, isso significa que publicamos também alguns artigos de comentário e de opiniões baseados nos acontecidos da China. Isso é a característica do site”, destaca.
Além disso, a cooperação futura com os órgãos de comunicação fora do país também está prevista por Lu. “Queremos e precisamos acelerar a troca de informações e recursos com os jornais escritos em Português, tal como a possiblidade de cooperação com os de Macau, como a partilha das reportagens temáticas”, assinala.
“Três sapateiros fedorentos”
Lu brinca com a expressão chinesa enquanto apresenta os outros dois colegas da redacção, “três sapateiros fedorentos superam um Zhu Geliang” , que significa as ideias reunidas de três homens comuns consegue comparar com a inteligência de Zhu Geliang, a figura histórica conhecida pela superioridade intelectual.
O jovem Juliano Ma foi o primeiro jornalista que entrou na redacção. “Quando cheguei aqui em Novembro do ano passado, não havia nenhuma notícia disponível no nosso site. Começamos absolutamente do zero”, diz Ma.
Entre os três jornalistas da redacção, a experiência de Yin Yongjian até poderia dar um livro. Ao longo dos últimos 20 anos, Yin trabalhou pela agência Xinhua, foi repórter e viveu em sete países, inclusive quatro países de língua portuguesa - Moçambique, Angola, Portugal e Brasil.
Perante a questão de qual foi o país que lhe marcou mais, Yin ri-se e diz que “cada país possui as suas caraterísticas”. A sua impressão do Brasil foi “a partir da sua abrangência do terreno e da riqueza dos recursos naturais”, enquanto Angola, “está cheia de memórias de período da guerra civil".
"A maioria das reportagens que fiz lá eram nos campos de batalha. Devido às condições precárias das infraestruturas, costumava de passar dias sem tomar banho sob o sol forte do continente africano”, recorda.
No entanto, depois de ter feito tantas viagens pelo mundo, Yin lamenta que nunca teve a oportunidade para conhecer Macau. "Nem como um turista”. O seu laço mais forte com esta península, talvez seja “os encontros frequentes com governadores de Macau” quando trabalhava em Portugal. “Os portugueses e os chineses respeitam-se uns aos outros. Acho que Macau fez uma grande contribuição nesse aspecto”, diz.
Para Lu, que tem contacto estreito com o português há cerca de 15 anos, não hesita contar sobre a sua experiência da vivência em Macau, e admite: “Macau devia esforçar-se mais para desempenhar o seu papel da ligação entre a China e os países lusófonos”.
Lu aterrou em Macau pela primeira vez em 2002, para cumprir o intercâmbio académico no Instituto Politécnico de Macau e aponta: “Vi as mudanças enormes de Macau depois de voltar a visitar a cidade de novo em 2012, nomeadamente a transformação na zona de Cotai.”
A falta de talentos bilingues entre os locais de Macau é algo que lhe chama a atenção. “Devido às razões históricas, a língua portuguesa não foi verdadeiramente generalizada entre a sua população, o que acontece é que no momento, muitos tradutores ou interpretadores dessa área vêm do Continente”.
Lu também nota que Macau, sendo uma plataforma, "não deve ser apenas superficial".
"A região deve fazer algo mais prático no futuro, como no sector de turismo e áreas de convenções e exposições, entre outros”, defende.
O jornal chinês que sabe falar nove línguas
Na sala ampla da redacção do site do Diário do Povo, vêem-se mais de 70 mesas ocupadas por os jornalistas que dominam línguas estrangeiras diferentes. No espaço notam-se alguns estrangeiros também.
Como a decoração de adesivos em línguas estrangeiras colocados na parede da sala evidencia, a ambição do site é evidente: é “multilingue e internacional”, diz-nos Shan Chengbiao, o sub-director do Diário do Povo Online.
“A vantagem do nosso site, sendo um media digital, não tem limite de tempo nem de espaço, e com a relevância elevada das redes sociais e das comunicações móveis, vamos tentar envolver mais formas dos meios de comunicação”, assinala.
Segundo Shan, o Diário do Povo Online em chinês foi fundado no primeiro dia de Janeiro, em 1997, e o site em inglês foi lançado no ano seguinte. “Na altura essa medida chamou muita atenção das media estrangeiros”, lembra Shan.
Ao longo dos seus 18 anos do desenvolvimento do site, actualmente no total há nove línguas disponíveis online. “O canal português é o mais recente. Queremos contar as histórias chinesas para o mundo lusófono”, diz.
Falando dos planos do futuro do site, Shan revela que “o estabelecimento de canais em outras línguas não vai parar devido às exigências diplomáticas do país”. Os países asiáticos, como a Tailândia e o Vietname são as novas metas de destinos da propaganda do partido."

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