terça-feira, 24 de março de 2015

Há pessoas

Os mistérios da vida ... Sim! Não são os mistérios da morte, são os da vida. Da vida de quem deixámos de saber notícias, de quem pensamos não ter sido sepultada/o ou jazificada/o, algures num cemitério longe, ou perto de nós ... Há pessoas de que, a certa altura, deixamos de ouvir falar ... Que nos telefonavam, e que pensavam em voz alta, bastas vezes, ao nosso lado e ... e, de repente, deixámos de ver, de ouvir, de saber paradeiros ... Há pessoas que, de facto, conseguem configurar, sim, outras que conhecemos da ficção. Há pessoas que nos fazem recuar a um D. Sebastião sem que se lhes conheça, ao menos, um Alcácer Quibir ou uma eventual fuga nocturna para um convento ... Há pessoas que contavam anedotas, episódios próprios e alheios e, de mansinho ou não, um dia, deixaram de se ouvir - como se nunca tivessem existido. Há pessoas ...

Não sei, não sabemos, entretanto, se nesta espécie de clandestinidade há causas indizíveis, arrufos estranhos, INTERNETes a mais, amizades contrárias à amizade, amores novos contra amizades velhas ... Há pessoas ...

Pessoas cilindradas por compromissos materiais, pessoas que deixaram de andar d'eléctrico e passaram a voar - num carro novo, no avião que mal tinham experimentado, mas que passou a ser quase hotel quotidiano ... Há pessoas ...

Há pessoas que morrem e deixaram dito: não quero que ninguém saiba. Há pessoas...

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