terça-feira, 17 de março de 2015

Um poema de Alice Vieira, via pombo correio ...

Não sei se gosto de Alice Vieira, mas, se a poesia é espelho, GOSTO, GOSTO muito, sem ser com aqueles "gostos" que as máquinas sugerem. Diz-lhe isto, Júlia, por favor. Diz isto à Alice Vieira. Diz-lhe que tento não ter medo das palavras, o que gosto é mais d'umas do que d'outras. Às vezes, do mesmo orador.


"Sempre amei por palavras muito mais
do que devia

são um perigo
as palavras
quando as soltamos já não há
regresso possível
ninguém pode não dizer o que já disse
apenas esquecer e o esquecimento acredita
é a mais lenta das feridas mortais
espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo
e vai cortando a pele como se um barco
nos atravessasse de madrugada
e de repente acordamos um dia
desprevenidos e completamente
indefesos
um perigo
as palavras."

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