sábado, 28 de março de 2015

Fado a Património da Humildade


Já não se vê na rua ninguém a cantar seja o que for para receber em troca dinheiro para comer. O que se vê é gente que, não sabendo cantar, pede, roga à porta que lhe abrimos, no prédio onde moramos, com todas as letras, uma esmolinha, em regra, para ... para comer. E normal é que nos assalte esta ideia simples: à porta dos principais governantes do país, ninguém bate, porque ... porque a polícia, que "protege os grandes" (como diz o Zé), não permite ... E talvez devesse permitir porque quem não sente não é filho de boa gente e, no estado actual das coisas, é preciso sentir mesmo sentir na pele:

- Olhe, senhor doutor, hoje bateram à porta ... a pedir esmola ... 

- Olhe, senhor Presidente, hoje bateram-me à porta ... a pedir pão ... 

- Olhe, senhor ministro, esta tarde apareceu aqui no patamar da casa, uma mulher a perguntar se lhe podíamos dar alguma coisinha porque está desempregada há mais de um ano ...

- Olhe, senhor deputado, quando cheguei das compras, não fui capaz de resistir, e dei um pacote de leite a uma mulher, com ar desesperado, que trazia uma criança ao colo ...

Talvez seja indesejável, talvez seja uma vergonha estrangeiro "assistir", mas ... mas deixa-se às autoridades do País, um pedido, o veemente pedido para que deixem, em liberdade, na rua, o povo, cantar ... cantar o fado, o nosso fado - e ... e das janelas do Zé, voltem as ouvir-se as letras que fizeram da nacional canção, Património da Humanidade. Carlos do Carmo, por exemplo, politicamente bem definido, decerto, apoiaria a ideia por duas razões muito concretas:

1ª Partidariamente, estaria a dar, certamente, um bom contributo para as suas teses políticas;

2ª Podia mandar fazer um vídeo transbordante de verdade popular e fadista. E enviá-lo, com humildade, "a quem de direito"... No estrangeiro, por exemplo.

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