domingo, 8 de março de 2015

Palavras do RAMALHO (4)


"... deliberei ... refugiar-me da Lisboa grande na minha Lisboa pequena - o que Faguet chamaria emigrar para o interior -, enclausurando-me e cortando todo o meu convívio com um agressivo mundo estranho que desconheço e que me não conhece.  

"Para andar comigo - dizia Lope de Vega - me bastam mis pensamentos". De mim mesmo julguei eu poder dizer outro tanto. Grande ilusão minha, ilusão de Lope de Vega, ilusão de muita gente! Não. Os meus últimos meses de solidão em Lisboa acabam de demonstrar-me que é Spinosa afinal que tem razão. Há um determinismo mental de que ninguém se liberta. Ninguém tem pensamentos exclusivamente próprios. Ninguém pensa o que quer. Muitas vezes nem sequer se consegue querer aquilo que mais se deseja querer."


Nota de rodapé, quase a propósito: a estátua de Ramalho Ortigão, em Lisboa, sabem onde está? Não?... Está SÓ, no Jardim de Santos, longe da do seu amigo Eça, quase escondida onde "ninguém" passa ... 

Lisboa protestou, lembro-me bem, mas, até agora, não terá valido de nada ... Spinosa, presente!

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