SONETO
Feito no Paço esperando muitas horas para pedir a salvação do Reino
"Corte! Sítio vedado ao sentimento.
D'ilusões perigosas triste abrigo.
No teu seio, me encontro só comigo
Que em mim tem a verdade cabimento.
Praza aos Céus que não sejas monumento
Do erro vil, das traças do inimigo
Os meus olhos fiéis vêem teu perigo
E não poder salvar-te é o meu tormento.
Contenta-te das lágrimas que choro!
O meu sangue te dera se esse preço
Obtivesse a justiça que hoje imploro.
Mas tudo é vão, não vale, o que mereço
Com o meu próprio zelo me devoro
Sem que doa a ninguém o que padeço."
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