No ano passado, registou-se a primeira quebra no que toca à chegada de portugueses à RAEM, depois de três anos consecutivos de subidas a dois dígitos, segundo dados do Governo português. Já em 2015 a quebra parece estar a agravar-se. Pelo menos é essa a percepção de quem lida com a comunidade portuguesa radicada em Macau.
Patrícia Silva Alves
No ano passado registou-se a primeira queda, ainda que muito ligeira, do número de entradas de portugueses em Macau depois de três anos consecutivos (2011-2013) em que houve crescimentos a dois dígitos. Em 2014 entraram 262 portugueses na RAEM, uma redução de 1,1 por cento em relação ao ano anterior e que na prática corresponde a menos três pessoas.
Os dados constam do Relatório da Emigração para 2014, um documento da autoria do Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portugueses, José Cesário, que por isso refere que "durante este período [entre 2010 e 2014] o aumento do número de portugueses foi progressivo, tendo havido uma ligeira diminuição de 2013 para 2014".
Aliás, no ano passado as entradas de portugueses representaram 11,5 por cento das entradas totais em Macau, o terceiro valor mais elevado em todo o mundo.
No entanto, a percepção de quem está no terreno e contacta directamente com a comunidade portuguesa expatriada em Macau é de que a quebra pode estar a agravar-se este ano.
"A sensação que eu tenho é de que o número de expatriados portugueses cá está em queda", avalia Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong desde 2013, assinalando que nos últimos anos o consulado tem sido procurado por pessoas interessadas em trabalhar em Macau.
"Ao princípio recebíamos mais pedidos de ajuda, sobretudo nas áreas do Direito e Arquitectura, e agora noto que tem havido um decréscimo", assinala Sereno ao PONTO FINAL.
A mesma ideia tem Zélia Baptista Mieiro, vice-directora da Escola Portuguesa de Macau (EPM), assinalando que tem a percepção apenas do dia-a-dia e não baseada em dados científicos: "De há uns anos para cá estavam sempre a chegar pessoas [vindas de Portugal], praticamente todos os meses. Já este ano vieram alguns alunos novos, mas já não é aquela frequência dos últimos dois a três anos", refere a professora, acrescentando que esse aumento coincidiu com o período em que a crise económica em Portugal se sentiu de forma mais aguda.
Em simultâneo, Zélia Baptista Mieiro tem visto que há mais famílias portuguesas a sair de Macau com destino a Portugal: "Verificamos que houve casais que regressaram e demos conta, quando falávamos com eles, que as condições de trabalho [em Macau] não eram muito favoráveis", acrescenta a responsável da Escola Portuguesa, assinalando ainda que uma das queixas que ouviu destas famílias era de que os preços das rendas eram elevados.
No entanto, e apesar de o número de novos alunos vindos de Portugal ainda não ter compensado o número de saídas (pelo menos até agora), o facto é que a estrutura da EPM se manteve: "Temos o mesmo número de alunos porque temos um 1º ciclo muito forte e a maior parte dos alunos - quase todos - são filhos de residentes de Macau".
Em termos gerais, e voltando ao Relatório da Emigração, e apesar de não haver dados recentes sobre o número total de portugueses em Macau, os autores do estudo concluíram que "continua acima dos mil" (em 2011 eram 1.835), sendo que a RAEM é o 19º destino em todo o mundo onde residem mais portugueses emigrados. O primeiro lugar pertence a França. |
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
MACAU: Número de entradas de portugueses em Macau caiu ligeiramente
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