sábado, 19 de dezembro de 2009

(Des)apontamentos


Ao certo, ao certo, não sei bem o que acontece nos outros países. É comum dizer-se que "só sabe o que se passa no convento quem lá está dentro".

Ninguém ignora que as agências noticiosas internacionais procuram diariamente radiografar o que de mais importante tem lugar por esse mundo além, mas daí até conseguirem relatar todos os pormenores que permitam juízos claros sobre a realidade que nos envolve, estou convencido de que vai uma grande distância.

Portugal, a seu modo, deve constituir um bicho de sete cabeças para quem nos observe de fora e tenha acesso à nossa imprensa. Na verdade, a circunstância de, num país que parece não ter onde cair morto, surgirem tantos notáveis salvadores da pátria deve dar que pensar. É notável! Mas ao mesmo tempo, internacionalmente preocupante.

Com efeito, numa altura em que, graças à nacional capacidade de endividamento , já por todo o lado os credores começavam a sonhar com a parcela de território que lhes iria caber, já não é a primeira vez que tiramos da cartola uns cidadãos com soluções para tudo...

Atenção, isto pode ser grave! É preciso ter uma certa cautela com a língua e as imagens e não divulgar excessivamente esta lusitana intimidade, sob pena de ninguém nos emprestar dinheiro. Bem sei que não se tem dito em que é que os tais senhores são notáveis e isso pode ser a nossa salvação.

De facto, nada nos impede que continuemos a afirmar as carências do país e a administrá-lo sem outro esforço que não seja o da pedincha. Para tudo são precisos notáveis. Esperemos que ninguém se lembre de ter o mau gosto de descobrir entre nós - e badalar no estrangeiro - gente capaz de, numa arrancada sem paralelo, governar, administrar, gerir reunindo, adaptando, transformando a descrença nacional no único sentido que, no fundo, não interessa aos nossos simpáticos e generosos credores.

Haja Deus!...

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