terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"Quarto de Despejo" - o dentista


Boas Festas, Catarinas, onde quer que estejais! No Brasil, em África ou numa qualquer Lisboa dos disfarces...

"...Mandei o João comprar 10,00 de queijo. Êle encontrou-se com o Adalberto e disse-lhe para êle vir falar comigo. É que eu ganhei uma tabuas e vou fazer um quartinho para eu escrever e guardar os meus livros.

Eu sai e fui catar papel. Pouco papel nas ruas, porque outro coitado tambem está catando papel. Êle vende o papel e compra pinga e bebe. Depois senta e chora em silencio. Eu estava com tanto sono que não podia andar.

Dona Anita deu-me doces e ganhei só 23,00. Quando cheguei na favela o João estava lendo gibi. Esquentei a comida e dei-lhes. O barulho noturno que ouvi: as mulheres estavam comentando que os homens beberam 44 litros de pinga.

E a Leila insultou um jovem e êle espancou-a. Lhe jogou no solo e deu um ponta-pé no rosto. O ato é selvagem. Mas a Leila quando bebe irrita as pessoas. Ela já apanhou até do Chiclé um preto bom que reside aqui na favela. Êle não queria espancá-la. Mas ela desclassificou-lhe demais. Êle deu-lhe tanto que até arrancou-lhe dois dentes. E por isso o apelido dêle aqui na favela é Dentista. A Leila ficou com o rosto tão inchado que foi preciso tomar pinicilina. (...)

Hoje o dia é de choronas. Aqui reside uma nortista que quando bebe torra a paciência. O filho da nortista arranjou uma namorada. Uma mulher que pode ser a sua avó. A futura esposa veio residir com a sua mãe. Quando a velha bebe fica aborrecendo e discutem.E a velha não lhes dava socego. Êle fugiu com a mulher. E a velha está chorando. Quer o retorno do filho."

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