Rua Augusto Rosa, ao Limoeiro, em Lisboa
"Amo o espaço e o lugar, e as coisas que não falam.
O estar ali, o ser de certo modo,
o saber-se como é, onde é que está, e como..."
AMO,
digo eu,
estar aqui,
convosco:
"Abre-se a porta e o próprio ar nos fala.
As cortinas de rede, exactamente aquelas,
a cadeira onde a memória está sentada,
a mesa, o copo, a chávena, o relógio,
o móvel onde alguém permanece encostado
sem volume e sem ter tempo..."
Gosto de me sentar neste banco de jardim, a ver o zimbório da Estrela, as flores que a Primavera agita,
e a ler António Gedeão,em horas de tantas lágrimas iguais, iguaizinhas uma às outras,
nas faces dos passantes de todas as cores que, sem tempo, como que desfilam...
Aqui e lá longe, onde dizem haver guerra ... E lágrimas de sangue, meu Deus!...
Médio Oriente, oiço... África, será?...
Em que cadeira sentei a memória? |
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