quarta-feira, 30 de março de 2011

Japão vulcânico e Portugal cerâmico

Respigo de alguns "papéis velhos", a realidade física do Japão e, enquanto, português, interrogo-me...

"Há no Japão 192 vulcões, dos quais 58 activos", leio. "O Aso é o vulcão com a maior cratera do mundo. A sua última erupção foi em 1707."

"O terramoto de 1923 destruiu a maior parte de Tóquio e matou milhares de pessoas."

"A agricultura no Japão quase soa a milagre, porque a maior parte do solo é rochosa. Apenas 16% do total é terra útil. Entretanto, há menos de um século, a população rural ultrapassava os 30 milhões de pessoas."

"A criação de gado é limitada. Os japoneses encontraram no mar fontes de suprimento do que a terra não lhes proporcionava." Pode dizer-se, acrescenta a notícia que aqui se reproduz, que "o Japão é um pais de agricultores do mar."

 "Japão - país de emigração", lê-se.

Ora bem, dispenso-me de ser eu a estabalecer paralelos. Sublinho apenas isto:

Portugal não é vulcânico ou, se o é, não dá sinais, a não ser nos Açores.
Portugal tem um clima temperado e o solo não é predominantemente montanhoso.
Portugal é  uma das principais entradas por mar para o resto da Europa.
Portugal "nasceu" frente a um dos países mais prósperos do mundo.
Portugal não é um país sobrelotado.
Portugal não é um recém-chegado ao mundo dito civilizado. Tem um passado de grande prestígio e aqui nasceram alguns dos homens e mulheres que iniciaram povoamentos.
Portugal não sofreu directamente os horrores das guerras mundiais.

A pergunta é esta: o que é nos falta? Talvez apenas acreditar e fazer. Mais do que gritar no futebol e outras coisas da trilogia conhecida entre nós, pelo menos, desde o tempo do Salazar - que, aliás, ainda não fomos capazes de ultrapassar em inúmeros aspectos da prosperidade reclamada.

No Tribunal do Tempo, somos, portanto, réus. Com o Zé do Bordalo a fazer gestos, que são o nacional desabafo enquanto esperamos o julgamento, que, tardará, mas há-de ser feito, talvez logo a seguir ao do caso Casa Pia... Vai demorar, mas acontecerá... Quem sabe, se numa manhã de nevoeiro...

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