terça-feira, 3 de novembro de 2009

Notícias das Traseiras do Litoral


Para abrir, uma espécie de artigo de fundo, pouco WEB, concedo, feito há uns dois anos "em cima do acontecimento", mas, quiçá, boa introdução para o que talvez por aí venha em linguagem mais directa, escrito nas Traseiras do Litoral, que conheço bem.Então lá vai, não por acaso...

"Na aldeia fustigada pelos frios que lhe chegam dos montes vizinhos onde a neve é festa para alguns, a vida castigou as mãos que revolveram a terra e fizeram cantar a roda que deu água aos espigos. O que sobrou de anos a fio nesta azáfama foram entorpecimentos no compreender que só agora, na universidade a duas léguas, devagar, podem sumir-se. Entretanto, sente-se no ar, e em muitos comportamentos, a força bruta que a escola escassa não conseguiu dulcificar. Não há Aquilinos, nem Torgas nas conversas da maioria. Mas há esperança, digo eu.Esperança, pois claro. Anda por aí poesia sazonal de um dos mais letrados da terra. Oitenta e nove anos metidos no saco apertado de uma pele gasta, resumidos e policopiados em verso para uma comovente, quase apressada, distribuição domiciliária, junto dos que, pensa, hão-de ficar a vê-lo partir, padre-nosso ciciado, não muito longe daquilo que restar dos sons de trabalho à beira Zêzere, onde pode ter acontecido nunca ninguém ter ouvido ler coisas assim...Que falavam de netos, de avós, das mulheres e homens bons da terra, das geadas, das tílias, de padres que, pensando nos homens, diziam conhecer Deus..."

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