Foi por saber que, erradamente, o chamado Litoral é mais falado do que a região que apelidaram de Interior que, numa tarde do ano passado, me instalei numa varanda lá da aldeia a lançar olhares sortidos para a estrada, a fim de, logo que a minha neta me ensinasse a mexer nisto, vos dizer certas coisas ( puras verdades ) que, a meu ver, revelam o progresso das Traseiras.
Ora vejam:
Hoje, por exemplo, lá, as pessoas são mais altas. Usam sapatos. Progresso.
Antigamente, havia muita poeira na estrada. Desapareceu. De há uns anos para cá, há CO2, mas temos automóveis amarelos. Progresso.
Noutros tempos, mijava-se e cagava-se onde houvesse uma árvore. Agora não...A floresta foi-se e as pessoas tiveram que arranjar outras soluções mais decentes. Progresso.
Dantes ía-se à fonte. Hoje a fonte vai a casa e tem um contador para a gente ver os litros passar. Progresso.
No meu tempo, os pássaros tinham muitas árvores. Actualmente, têm muitas, muitas antenas e fios aéreos. Progresso.
Noutras eras, a merda fazia-se notar à porta das casas a toda a hora. Agora tem dias, mas já é, sobretudo, canalizada. E as moscas entraram em crise. Progresso.
Lembro-me de ver os miúdos muito ranhosos. Hoje assoam-se e os pais têm lenços de papel de várias cores. Progresso.
Na primeira metade do século XX, os pobres remendavam calças. Agora há quem as compre rotas - acabadas de sair da fábrica. Progresso.
Não há muitos anos, na aldeia, as mães catavam as crianças. Agora optaram pela máquina zero. Progresso.
Antigamente, nas casas de tabique, ouvia-se o que se queria e o que não se queria. Ainda não existiam os nossos modernos auriculares. Progresso.
Não há muitos anos, na aldeia, ceava-se à luz da candeia de azeite, por não haver electricidade. Agora, apaga-se a luz eléctrica e ceia-se à luz da vela. Progresso.
Não vai longe o tempo em que, por lá, se valorizava a existência do rol. Actualmente, recorre-se ao crédito bancário. Progresso.
Antigamente, de vez em quando, as comédias iam à aldeia. Depois as pessoas esgadanharam-se e passaram a ter um pavilhão gimnodesportivo e uma sala de cinema. Jogam às cartas nos anexos do pavilhão, que está sempre limpo, e vêem filmes em sua própria casa. Progresso.
Recordo-me de, à noite, ver gente a passear nas ruas. Actualmente, passeia-se, tranquilamente, no computador. Progresso.
Há 50 anos, no cemitério, era uma lixarada. Agora não. As flores são de plástico. Progresso.
Vivemos, de facto, numa sociedade progressista. Haja Deus. Não, não haja!...
Ora vejam:
Hoje, por exemplo, lá, as pessoas são mais altas. Usam sapatos. Progresso.
Antigamente, havia muita poeira na estrada. Desapareceu. De há uns anos para cá, há CO2, mas temos automóveis amarelos. Progresso.
Noutros tempos, mijava-se e cagava-se onde houvesse uma árvore. Agora não...A floresta foi-se e as pessoas tiveram que arranjar outras soluções mais decentes. Progresso.
Dantes ía-se à fonte. Hoje a fonte vai a casa e tem um contador para a gente ver os litros passar. Progresso.
No meu tempo, os pássaros tinham muitas árvores. Actualmente, têm muitas, muitas antenas e fios aéreos. Progresso.
Noutras eras, a merda fazia-se notar à porta das casas a toda a hora. Agora tem dias, mas já é, sobretudo, canalizada. E as moscas entraram em crise. Progresso.
Lembro-me de ver os miúdos muito ranhosos. Hoje assoam-se e os pais têm lenços de papel de várias cores. Progresso.
Na primeira metade do século XX, os pobres remendavam calças. Agora há quem as compre rotas - acabadas de sair da fábrica. Progresso.
Não há muitos anos, na aldeia, as mães catavam as crianças. Agora optaram pela máquina zero. Progresso.
Antigamente, nas casas de tabique, ouvia-se o que se queria e o que não se queria. Ainda não existiam os nossos modernos auriculares. Progresso.
Não há muitos anos, na aldeia, ceava-se à luz da candeia de azeite, por não haver electricidade. Agora, apaga-se a luz eléctrica e ceia-se à luz da vela. Progresso.
Não vai longe o tempo em que, por lá, se valorizava a existência do rol. Actualmente, recorre-se ao crédito bancário. Progresso.
Antigamente, de vez em quando, as comédias iam à aldeia. Depois as pessoas esgadanharam-se e passaram a ter um pavilhão gimnodesportivo e uma sala de cinema. Jogam às cartas nos anexos do pavilhão, que está sempre limpo, e vêem filmes em sua própria casa. Progresso.
Recordo-me de, à noite, ver gente a passear nas ruas. Actualmente, passeia-se, tranquilamente, no computador. Progresso.
Há 50 anos, no cemitério, era uma lixarada. Agora não. As flores são de plástico. Progresso.
Vivemos, de facto, numa sociedade progressista. Haja Deus. Não, não haja!...
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