Mão amiga fez-me chegar, há cerca de um mês, uma breve biografia de Manuel de Arriaga. Arquivei-a com os cuidados que se imaginam - para, no limite, HOJE, e no essencial, a transcrever, aditando-lhe, já agora, uma brevíssima nota de Augusto de Castro.
"Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos.
O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o.
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Formou-se em Direito.
Foi advogado, professor, escritor, político e deputado.
Foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Foi Procurador-Geral da República.
Passou 50 anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa.
Com 71 anos foi eleito Presidente da República.
Disse na tomada de posse: "Estou aqui para servir o meu país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este.
Pagou renda da residência oficial e todo o mobiliário do seu bolso.
Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado.
Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso."
Todavia, todavia...
O deputado, escritor e jornalista, Augusto de Castro relata uma conversa com o ex-presidente Manuel de Arriaga pouco antes de este morrer em 1917:
"O velho, de admirável cabeleira de tribuno, de porte aristocrático e olhar romântico, que fora outrora um dos mais lindos rapazes do meu tempo, transformara-se em meia dúzia de meses, num velhinho curvado e triste (...). Arriaga contou-me os únicos prazeres do seu exílio - as flores, as suas telas, os seus poetas (...). Naquela tarde, sentado nessa saletazita que nem raio de sol aquecia, contei ao pobre velho as minhas fáceis previsões. A política não fora feita para os idealistas e para os poetas, como ele - acrescentei.
Arriaga escutou-me em silêncio, forçando o sorriso de comprazimento. Uma névoa de lágrimas velou-lhe o olhar. E como falando para si desenhando com a bengala no tapete traços trémulos, disse-me, com um ironia em que procurou pôr altivez, mas em que apenas havia o fel de uma mágoa introduzível: "sou um criminoso político, meu amigo..."
Já votei. Seja o que Deus quiser!
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nao gostei esta uma porcaria
ResponderEliminarvela se fazem melhor!!!
estava a brincar esta otimo nunca vi melhor
ResponderEliminarComo dizem na Beira Baixa: BEM-HAJA!
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