domingo, 18 de março de 2012

Fernando quase em pessoa, na Gulbenkian

Quem entrou tranquilo, saíu pensativo, desassossegado, com aquele desassossego bom que é, depois de Pessoa, reconhecer-se, pessoalmente, na sua multiplicidade própria, mal expressa. Fernando Pessoa filtrou tudo e escreveu-o. Deu voz, revelou a sequência de palavras que povoam, desorientadas, as cabeças de toda a gente. Foi voz e imagem literária. E, por isso, genial. Genial porque desassossegou.

Na Gulbenkian, ontem, não se ouviram banalidades, mas gritos, eventualmente contraditórios, mas talvez por isso geniais. Escritos ... Quase recomendações. Agora, agora mesmo, neste Portugal difícil que temos.

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A musica embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem na mesma vida humana.

Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida.Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois ninguém fala em verso."

in Livro do Desassossego, de Bernardo Soares

A seguir, fotografias de alguns dos muitos "desassossegados" presentes, ontem, na Gulbenkian. Oportunidade pessoal, feliz, para reencontrar Helena Vasconcelos e alguns mais dos que gostam de falar de palavras.







Tudo aconteceu, ontem, a dois passos da rua dos Douradores,
ali ao pé do Terreiro do Paço - na ... na Gulbenkian


2 comentários :

  1. Helena Vasconcelos, amável, escreveu-me:
    "Que MARAVILHA, Marcial. Muito obrigada! Foi muito bom revê-lo. Um grande abraço, muito amigo da Helena."

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    1. Não sei o que hei-de escrever. Ou melhor, sei !... Não sei ... Bem-haja, talvez, mas é pouco ... O melhor é dizer-lhe uma coisa simples: fiquei feliz, primeiro em revê-la; agora ao lê-la.Um abraço muito cordial.

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