sábado, 24 de março de 2012

Letras de protesto

Eça de Queirós in Uma Campanha Alegre


















"Ser padre não é uma convicção, é um ofício: o sacerdote crê, e ora na proporção da côngrua. E como acredita mais na secretaria dos negócios eclesiásticos do que na revelação divina, trabalha nas eleições. O povo, esse, reza. É a única coisa que faz além de pagar."

"Os jornais conversam baixinho e devagar uns com os outros. O parlamento ressona. O ministério, todo encolhido, diz aos partidos - chuta! As secretarias cruzam os braços. O tribunal de contas, lá no seu cantinho, para se entreter, maneja sorrindo as quatro espécies. A polícia, torcendo os bigodes, galanteia as cozinheiras. O conselho de Estado, rói as unhas. O exército toca guitarra. A câmara municipal mata em sossego os cães vadios. As árvores do Rossio enchem-se de folhas. Os fundos descem, e descem há tanto tempo que devem estar no centro da Terra. O povo, coitado, lá vai morrendo de fome como pode. Nós fazemos os nossos livrinhos. Deus faz a sua Primavera ... Viva a Carta!"

"Serve-se, não quem se respeita, mas quem se vê no poder."

"O deputado é um empregado de confiança."

"Se algum dia (...) encontrardes o influente, tirai-lhe o vosso chapéu. Ele reina, e o seu reino assenta sobre a coisa que, apesar de ser a mais lodosa, é ainda a mais sólida - corrupção."

Caros Visitantes deste espaço movido a pilhas, tirai a tudo os eventuais excessos, mas continuai a pau que os homens agora são electrónicos, mas quanto ao resto ...

Continua.

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